Outro dia publiquei aqui um texto que recebi pela internet. Não é segredo pra ninguém que não tenho muita paciência pra ficar navegando na net, procurando sabe-se lá o quê em sabe-se lá onde. No entanto, tenho que dar a mão à palmatória. Num desses momentos raros de mergulho pelo mundo virtual, encontrei uma pérola; bem aqui, pertinho de mim, escrita por alguém da cidade de todos os sóis.
Como se faz ao encontrar um tesouro, guardei-o. Mas hoje já não posso mais tê-lo comigo, é preciso mostrá-lo pra que ele continue a ser meu. Não vou dizer aqui o que aconteceu hoje. Só vou dizer que a angústia no meu coração diminuiu. Sei que a porta permanecerá sempre aberta, mesmo não sabendo se a pessoa esperada passará por ela. De toda forma, a certeza do que sinto é tão forte que alimenta os meus dias, daí a razão de compartilhar o texto, porque é bem assim que eu desejo...
Aqualove
não pretendo um amor sólido
tendo em vista a grande possibilidade de um sólido se romper à menor mudança
de temperatura
de pressão.
pretendo um amor líquido
que se adapte a qualquer recipiente
e, sorvido em grande goles,
molhe os lábios escorra pelo pescoço
e umedeça os países ao sul do continente.
líquido, para que, aquecido,
evapore
suba ao céu
chova sobre mim
encharque o chão
tire essa tal segurança de debaixo dos meus pés
deixe lama entre meus dedos.
não pretendo um amor assim, concreto,
não pretendo um amor assim, rígido,
não pretendo um amor, assim, sólido
mas líquido
incerto
insólito. e se uma frente fria vinda diretamente da Patagônia
torná-lo gelo,
frio,
pedra,
que baste deixá-lo ligeiramente exposto ao seu olhar
e ele, regredindo a seu estado original,
volte a matar essa sede
amiga, inseparável, do sertão
de nós.
André Gonçalves
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
História de leitura...
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