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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Texto a quem não vai ler...

Às vezes penso que perdi a capacidade de conversar com você, minha RosaLuzAmada, e me fazer entender. Às vezes acho que a dureza do que já vivi me impele a tentar evitar seus tropeços e quedas. Às vezes penso mesmo que se eu conseguir fazer com que você me escute, seu caminho será menos rude...
Racionalmente sei que preciso deixar que você caminhe com as próprias pernas e escolha seus caminhos, mas me dói ver você escolher o que claramente será mais sofrido.
Você diz que ninguém pode entender o que você sente. Discordo. Cada um de nós sente as coisas e os acontecimentos de forma diferente, mas quem já sofreu é minimamente capaz de entender o sofrimento alheio, ainda mais quando esse sofrimento diz respeito a alguém que amamos.
Assim, eu entendo seu sofrimento, embora talvez não possa dimensioná-lo. Mas entendo também, com a privilegiada visão de quem não está no meio do olho do furacão, que tentar escapar das dores e problemas não é o melhor caminho...
Nesse momento você dirá que não está tentando escapar, que está enfrentando tudo da melhor maneira possível... Mas seus atos não condizem com esse discurso...
Você é tão amorosa, minha RosaLuzAmada, e já passou por tantas coisas, apesar da idade, que seu maior desejo é encontrar aconchego... E nesse desejo, você vai deixando escorregar pelo caminho amores que, mesmo não sendo tão explícitos, são mais verdadeiros...
Agora, que você se vê em meio a um conflito familiar, por que entregar-se novamente a uma relação conflituosa, dolorosa, angustiante e doentia que tanto te fez sofrer ano passado?
Por que escolher voltar a conviver com alguém que te causou tanto sofrimento a ponto de fazer você perder o foco?
Talvez você agora sinta que todos os lugares são estranhos, e como você mesmo disse, você se sente segura lá. Que segurança é essa, que pode a qualquer momento se romper pela voluptuosidade de uma pessoa sem escrúpulos?
Talvez o lugar onde você sempre esteve não tenha sorrisos, abraços, afagos, compreensão... Mas você já parou para tentar ver esse lugar com outros olhos?
Alguma vez você já imaginou que aquele que é o que sempre foi, desde que você nasceu, tenha encontrado na determinação em não deixar faltar nada material uma forma de demonstrar seu amor? Você já imaginou que esse homem também gostaria de abraços, de fala mansa e de estar mais perto, mas não sabe como fazer, já que você mesma trata de aumentar o muro que existe em função do temperamento fechado que é natural nele mas não em você?
Você já parou pra analisar que, ano passado, quando a dor era grande por se afastar de alguém que era próximo mas estava fazendo mal, foi esse lugar, que você acha que não é seu, que te mostrou o caminho de volta para os estudos, a preocupação e a ação em relação ao futuro que é construído hoje?
É certo que nenhum lugar é perfeito, cada lugar é impregnado da imperfeição humana. E atritos como o que você vive, no seu lugar, são próprios de quem vive em família, ainda que não sanguínea...
Sei que você recebeu muitas informações ultimamente, e que não há como ficar imune a elas. No entanto, creio que o seu amor por aquele que é o que sempre foi não mudará agora, apenas por saber que não existe ligação biológica...
Perdida em seu sofrimento, minha RosaLuzAmada, você não consegue ver que suas atitudes colaboram para aumentá-lo...
Em todos os momentos, você nunca esteve sozinha (e nem foi pela minha presença). Você esteve sempre cercada de pessoas que a amam sem nada pedir em troca, que a escutam e não se calam diante do que vêem errado, que tentam mostrar a você os outros ângulos dos seus problemas... Agora, com todas as novas informações, você parece querer uma receita, parece pensar que pode decidir tudo sozinha, esquecendo-se de que é adolescente ainda, parece querer que tudo se resolva como num passe de mágica ou como nos filmes com final feliz...
Acontece, minha RosaLuzAmada, que o nosso final feliz precisa ser construído todos os dias, mesmo que existam nuvens carregadas em nosso céu, impedindo o sol de sorrir pra nós...
Não será refugiando-se numa família cujas intenções e discursos são conflitantes que você conseguirá passar por isso sem maiores traumas. É preciso olhar as coisas todas de frente...
Seus problemas têm a exata dimensão que você pode vencer. Nada nos é dado em demasia. O que é necessário agora é aprender com o que a vida tem apresentado a você.
Que tal olhar o amor de um homem que se desdobrou a vida inteira para lhe dar o maior conforto possível (ainda que só tenha conseguido mostrar isso de forma material)? Que tal lembrar das vezes em que você, ainda menina, tinha apenas esse homem com quem contar? Que tal escutar cada grito no lugar que é seu como um testemunho de que essas pessoas não tiveram demonstrações de carinho e afeto quando crianças?
Nesse caso, o que é mais correto, revidar com gritos ou tentar compreender como deve ser ruim ter um coração tão sem luz como o delas?
Que tal olhar para todos os que sofreram junto com você e pensar no que você está plantando no coração dessas pessoas, ao se negar refletir, ao simplesmente se rebelar como se você fosse de uma espécie rara que sobrevive sozinha, sem a presença nem o amor de ninguém?
Que tal pensar no que você está infligindo a si mesma? Porque o fato é que você está tornando o seu sofrimento ainda maior, ao escolher trilhar um caminho de dor que poderia ser evitado (você o evitou ano passado e tudo deu certo, lembra?)...
É claro que talvez a essa altura você esteja pensando que eu não tenho o direito de lhe dizer tantas coisas, e talvez você até tenha razão...
No entanto, dói em mim ver você escolher entrar num abismo, escolher passar por traumas e decepções que podem ser evitados, escolher se arriscar a perder a vitória já conquistada, sonho que se tornou real, porta para um futuro melhor, e que você já quase perdeu ano passado...
Sobretudo, minha RosaLuzAmada, dói em mim ver a tristeza rondando seu olhar e a amargura ameaçando tomar o seu peito. Dói ver você se distanciar daquilo que é certo e ainda negar esse distanciamento; dói ver você revestir-se de uma aura intocável para todos os que dizem as verdades que você não se dispõe a ouvir; dói ver o que você está fazendo a si mesma, o sofrimento que você está cultivando no lugar de eliminar...
É certo que eu não tenho filhos, e talvez nunca os tenha, mas o amor que tenho por você é imenso e me impele a te dizer que, mesmo que você se zangue, se afaste, se cale, e não me escute, eu continuarei aqui. Imperfeita que sou, tenho limitações e não conseguirei conviver com a doença que é aquela família em relação a você. Não posso pedir que você escolha conviver comigo ou com eles, porque isso seria contra o meu princípio de deixar as pessoas que amo livres para viver como pensam ser melhor, no entanto, posso escolher não ter aquelas pessoas como parte da minha vida... Posso escolher não acordar no meio da noite, apavorada com pesadelos que envolvem você e aquela família...
Eu, assim como você, minha RosaLuzAmada, posso escolher viver em paz, comigo e com os outros, e é essa a minha escolha... Que você saiba escolher o que é melhor para a sua vida e que os seus caminhos sejam sempre iluminados. Amo você.